Dilema moral refere-se a uma situação a qual nenhum dos desfechos é favorável e só você tem o poder de tomar uma decisão quanto a esse problema. Discussões sobre dilema moral pertencem ao campo da filosofia e visam estabelecer o que seria o mais correto no ponto de vista ético. Essa discussões são muito válidas para a consolidação da bioética na mente de profissionais da área de saúde.
Philippa Ruth Foot foi uma filósofa britânica que teve Aristóteles como uma das suas maiores influências. Ela é muito reconhecida por seus trabalhos no campo da ética e introduziu um famoso experimento mental conhecido como Dilema do Bonde (Trolley Problem). Esse experimento inicia-se ilustrando a seguinte situação:
"Um trem está fora de controle pronto para atingir 5 pessoas que trabalham nesse trilho. Entretanto, encontra-se perto de você uma alavanca que muda a direção do trem para outra linha onde ele atingirá somente uma pessoa. Você acionaria a alavanca?"
E se você soubesse que as 5 pessoas que trabalham no trilho são prisioneiros condenados por casos de estupro, você mudaria sua resposta?
A maioria das pessoas mudam sua resposta ao se depararem com a segunda situação. Na primeira, tendemos a acionar a alavanca ou então a não influenciar no caminho do trem pela justificativa de não querermos carregar essa responsabilidade. Entretanto, ao tomarmos conhecimento da segunda situação, logo mudamos de ideia e acionamos a alavanca. Isso ocorre porque estamos acostumados a julgar e a condenar o que consideramos imoral. Apesar de parecer o mais sensato a se fazer, será que seria o correto no ponto de vista ético?
A resposta é não. Do ponto de vista ético, devemos tomar nossas decisões somente visando o mal menor. Ou seja, nosso único dever nesse caso é reduzir o número de vidas que poderiam ser perdidas, sem nos apegarmos a fatos secundários. Portanto, as respostas do ponto de vista ético seriam: mudar a alavanca na primeira situação, visando o menor número de mortes, e na segunda manter a resposta da primeira independente do que cada indivíduo tenha feito.
Essas decisões éticas podem e devem ser extrapoladas para o ambiente laboratorial. Devemos sempre utilizar a ética para conduzir nossos trabalhos e pesquisas. Por isso, é tão necessário que sejamos imparciais em certos momentos em prol de um bem maior: a bioética!
Se interessou pelo assunto? Assista ao vídeo a seguir e conheça mais sobre o Dilema do Bonde!
Autor: Luiza Franklin Polizzi
Citadas as possibilidades na suposição do caso do trem desgovernado, seria antiético se um indivíduo omitisse qualquer ação, certo? Mas, aprofundando para um lado mais filosófico da questão, a ética já nos "forçaria" a salvar o maior número de vidas. Então, seguindo essa linha sob o pensamento de salvar vidas, a possibilidade de não executar uma ação e retomando a leitura de um outro post no blog (Eutanásia: Aplicação da Bioética): Seria ético aplicar a pena de morte, qualquer que fosse o crime cometido, mesmo que por um processo de eutanásia?
ResponderExcluirÓtimo artigo! Esse tema se torna cada vez mais relevante. É essencial esse tipo de reflexão.
ResponderExcluirMuito interessante esse tipo de reflexão, é possível se conhecer melhor quando nos perguntamos esse tipo de coisa
ResponderExcluirÉ engraçado como o debate de dilema e moral perpassam várias (se não, todos) áreas acadêmicas. A minha área de atuação é completamente fora da biológica e, por acaso, estava procurando um texto sobre o assunto, e, felizmente, esse se encaixou com a minha busca.
ResponderExcluirEspero que mais profissionais, independentemente das áreas de atuação, utilizem a ética em suas ações.